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"A maturidade permite-me olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura." (Lya Luft)
O espectáculo está prestes a começar.
Lá atrás dá os últimos retoques nos lábios, ajeita o vestido,compõe a gola , aperta os últimos botões, olha-se ao espelho, ajeita a madeixa que teimosamente descai sobre a testa. Ensaia o sorriso, o gesto das mãos, a maneira de olhar, respira fundo enquanto fecha os olhos e relembra tudo o que estudou e ensaiou.
Não há luz, não há som, não há cor , apenas ela.
Sabe cada gesto, cada passo...
Lentamente o pano sobe.
Sorri, porque a proibiram de chorar, canta, porque alguém não gosta de silêncio, dança porque não é permitido parar.
Ouve lamentos, desabafos, consola e volta a sorrir.
Ensina o que nunca conseguiu aprender, voa sem saber voar, escuta o que nunca lhe tinham dito.
Apetecia-lhe chorar, falar sobre as sua fragilidades, os seus medos, os seus sonhos...dos encantos, de alegrias pasageiras, do amor, da saudade...não pode... está no palco, a plateia quer gargalhadas, fugir por momentos da realidade, sentir que está num mundo que tal como ela gostavam de ter .
E todos os dias quando o pano cai, despe-se de tudo, apaga as luzes e tira a máscara.